terça-feira, 19 de junho de 2007
Música do amor
Tocou-me ao de leve em pontos sensíveis. Gemi de prazer. Soube-me de cor os sentidos e afinou a seu gosto os meus sons. Tocava-me nos pontos que queria e a seu bel-prazer compôs as sinfonias das nossas noites.
Senti-lhe o cheiro, senti-lhe o gosto e deixei-me guiar pelos seus instrumentos. Soube-me a pouco...
Gritei-lhe que me tocasse mais forte. desafinei-lhe a orquestra. Olhou-me irado e obrigou-me ao compasso sincopado das suas estocadas. Arfei, debati-me valente pelo direito ao meu próprio som. Gostou da luta. Em crescendo fomos formando um dueto, mais e mais entregue à escolha da mesma musica.
Pegou-me em braços. Abriu-me e fundiu-se em mim.
Maestro do amor, eu a sua musa. Ambos imersos na volúpia dos nossos corpos, das nossas almas agigantadas.
Cantámos bem alto o nosso clímax e deixá-mo-nos envolver pelo ruido afinado dos nossos sexos.
Estava completa a sinfonia. A dele. a minha. A sinfonia do amor.
segunda-feira, 11 de junho de 2007
Cara lh ama
E. M. de Melo e Castro |
amam-no todos
uns porque o têm
bem colocado e ereto
outros porque a foda
sem ele não bate certo
e se o nariz não chega
e os dedos se dispersam
só ele é que é capaz
de entrar todo na toda
discreto e bom rapaz
e os tristes que o não têm
amam-no doutra maneira
distantes e macios
não sabem se se vêm
ou se é só caganeira
(de "Cara lh amas")
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